Um dia, quando os funcionários chegaram para trabalhar, encontraram na portaria um cartaz enorme, no qual estava escrito:
"Faleceu ontem a pessoa que atrapalhava sua vida na Empresa. Você está convidado para o velório na quadra de esportes".
No início, todos se entristeceram com a morte de alguém, mas depois de algum tempo, ficaram curiosos para saber quem estava atrapalhando sua vida e bloqueando seu crescimento na empresa. A agitação na quadra de esportes era tão grande, que foi preciso chamar os seguranças para organizar a fila do velório. Conforme as pessoas iam se aproximando do caixão, a excitação aumentava:
- Quem será que estava atrapalhando o meu progresso ?- Ainda bem que esse infeliz morreu !
Um a um, os funcionários, agitados, se aproximavam do caixão, olhavam pelo visor do caixão a fim de reconhecer o defunto, engoliam em seco e saiam de cabeça abaixada, sem nada falar uns com os outros. Ficavam no mais absoluto silêncio, como se tivessem sido atingidos no fundo da alma e dirigiam-se para suas salas. Todos, muito curiosos mantinham-se na fila até chegar a sua vez de verificar quem estava no caixão e que tinha atrapalhado tanto a cada um deles.
A pergunta ecoava na mente de todos: "Quem está nesse caixão"?
No visor do caixão havia um espelho e cada um via a si mesmo... Só existe uma pessoa capaz de limitar seu crescimento: VOCÊ MESMO! Você é a única pessoa que pode fazer a revolução de sua vida. Você é a única pessoa que pode prejudicar a sua vida. Você é a única pessoa que pode ajudar a si mesmo. "SUA VIDA NÃO MUDA QUANDO SEU CHEFE MUDA, QUANDO SUA EMPRESA MUDA, QUANDO SEUS PAIS MUDAM, QUANDO SEU(SUA) NAMORADO(A) MUDA. SUA VIDA MUDA... QUANDO VOCÊ MUDA! VOCÊ É O ÚNICO RESPONSÁVEL POR ELA."
O mundo é como um espelho que devolve a cada pessoa o reflexo de seus próprios pensamentos e seus atos. A maneira como você encara a vida é que faz toda diferença. A vida muda, quando "você muda".
(Luís Fernando Veríssimo)
sexta-feira, 30 de outubro de 2009
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
O Caso do Espelho
Era um homem que não sabia quase nada. Morava longe, numa casinha de sapé esquecida nos cafundós da mata. Um dia, precisando ir à cidade, passou em frente a uma loja e viu um espelho pendurado do lado de fora. O homem abriu a boca. Apertou os olhos. Depois gritou, com o espelho nas mãos:
- Mas o que é que o retrato de meu pai está fazendo aqui?
- Isso é um espelho - explicou o dono da loja.
- Não sei se é espelho ou se não é, só sei que é o retrato do meu pai. Os olhos do homem ficaram molhados.- O senhor... conheceu meu pai? - perguntou ele ao comerciante.
O dono da loja sorriu. Explicou de novo. Aquilo era só um espelho comum, desses de vidro e moldura de madeira.
- É não! - respondeu o outro. - Isso é o retrato do meu pai. É ele sim! Olha o rosto dele. Olha a testa. E o cabelo? E o nariz? E aquele sorriso meio sem jeito? O homem quis saber o preço.
O comerciante sacudiu os ombros e vendeu o espelho, baratinho.
Naquele dia, o homem que não sabia quase nada entrou em casa todo contente. Guardou, cuidadoso, o espelho embrulhado na gaveta da penteadeira. A mulher ficou só olhando. No outro dia, esperou o marido sair para trabalhar e correu para o quarto. Abrindo a gaveta da penteadeira, desembrulhou o espelho, olhou e deu um passo atrás. Fez o sinal da cruz tapando a boca com as mãos. Em seguida, guardou o espelho na gaveta e saiu chorando.
- Ah, meu Deus! — gritava ela desnorteada. - É o retrato de outra mulher! Meu marido não gosta mais de mim! A outra é linda demais! Que olhos bonitos! Que cabeleira solta! Que pele macia! A diaba é mil vezes mais bonita e mais moça do que eu!
Quando o homem voltou, no fim do dia, achou a casa toda desarrumada. A mulher, chorando sentada no chão, não tinha feito nem a comida.
- Que foi isso, mulher?
- Ah, seu traidor de uma figa! Quem é aquela jararaca lá no retrato?
- Que retrato? - perguntou o marido, surpreso.
- Aquele mesmo que você escondeu na gaveta da penteadeira!
O homem não estava entendendo nada.
- Mas aquilo é o retrato do meu pai!
Indignada, a mulher colocou as mãos no peito:
- Cachorro sem-vergonha, miserável! Pensa que eu não sei a diferença entre um velho lazarento e uma jabiraca safada e horrorosa?
A discussão fervia feito água na chaleira.
- Velho lazarento coisa nenhuma! - gritou o homem, ofendido.
A mãe da moça morava perto, escutou a gritaria e veio ver o que estava acontecendo. Encontrou a filha chorando feito criança que se perdeu e não consegue mais voltar pra casa.
- Que é isso, menina?
- Aquele cafajeste arranjou outra!
- Ela ficou maluca - berrou o homem, de cara amarrada.
- Ontem eu vi ele escondendo um pacote na gaveta lá do quarto, mãe! Hoje, depois que ele saiu, fui ver o que era. Tá lá! É o retrato de outra mulher!
A boa senhora resolveu, ela mesma, verificar o tal retrato. Entrando no quarto, abriu a gaveta, desembrulhou o pacote e espiou. Arregalou os olhos. Olhou de novo. Soltou uma sonora gargalhada.
- Só se for o retrato da bisavó dele! A tal fulana é a coisa mais enrugada, feia, velha, cacarenta, murcha, arruinada, desengonçada, capenga, careca, caduca, torta e desdentada que eu já vi até hoje!E completou, feliz, abraçando a filha: - Fica tranqüila. A bruaca do retrato já está com os dois pés na cova!
(Conto popular, de origem chinesa, recontado por Ricardo Azevedo. Revista Nova Escola, 2004.)
"O mundo é como um espelho que devolve a cada pessoa o reflexo de seus próprios pensamentos. A maneira como você encara a vida é que faz toda diferença."
Produção textual
Suponha que você seja o gerente de vendas de uma empresa que produz brinquedos. Redija uma carta ao gerente de compras de um supermercado, convidando-o para o coquetel de lançamento de seu mais novo produto.
Suponha que você seja o gerente de vendas de uma empresa que produz brinquedos. Redija uma carta ao gerente de compras de um supermercado, convidando-o para o coquetel de lançamento de seu mais novo produto.
Suponha que você seja o chefe de departamento de cobrança de uma firma. Elabore uma carta a outra firma que costuma comprar seus produtos, reclamando do atraso no pagamento de uma duplicata. A carta deve ser feita em termos cordiais, mas enérgicos. Entregue essa carta a um colega, que, em nome da firma devedora, deverá responder com uma carta de desculpas, prometendo efetuar o pagamento num certo prazo.
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
CARTA COMERCIAL
A carta comercial é um canal de comunicação muito usado no comércio e na indústria, bancos e afins, entre as entidades ou remetidos por elas a fregueses ou clientes, uma vez que nela se concentram as observações, conselhos e comentários. Sua redação deve ser clara, simples, objetiva, formal e correta, buscando um estreitamento de relações entre cliente e firma. O tratamento mais comum é V.Sª (Vossa Senhoria). Não há regras rígidas que determinem claramente o que é certo e o que é errado, mas o redator de cartas comerciais deve buscar sempre a objetividade e a clareza e é em função dessas características que ele deve escrever seus textos. Por exemplo:
TEXTOS TÉCNICOS
Estrutura da carta comercial
a) local e data
b) destinatário
c) vocativo
d) contexto ou assunto
e) despedida
f) assinatura
Podemos destacar as características principais de uma carta comercial:
a) O texto é alinhado pela margem esquerda, e os parágrafos são indicados por um espaço entre eles e não pelo recuo da margem.
b) À esquerda, vêm o número da carta e o ano, informações que permitem o controle da correspondência. Na mesma linha, à direita, a data.
c) Se a carta for destinada a uma pessoa em particular, o nome dela deve vir logo abaixo do nome da empresa. A saudação, nesse caso, fica no singular (Prezado senhor). O endereço não precisa ser indicado, pois só interessa ao Correio ou ao entregador; por isso deve constar apenas no envelope.
Exemplos de invocação: Senhor/Prezado Senhor/ Prezado Gerente/ Prezado Senhor Fulano/ Caro Cliente.
d) Quando se quer destacar o assunto que vai ser tratado, usa-se a “referência” ou “assunto”, que é uma frase que o resume. Por exemplo:
Fagundes & Varela Ltda.
Referência: Envio de catálogos.
Como você vê, a carta deve ser bem objetiva. O redator deve evitar chavões como “Venho por meio desta...”, “Tem a presente a finalidade de informar...”, “É com muito prazer que comunicamos...” etc. E, quando chegar ao fim do assunto, deve encerrar a carta sem delongas. Se houvesse mais alguma coisa a ser tratada, ele evidentemente o faria; por isso não é preciso usar as velhas fórmulas “Sem mais para o momento...”, “Sendo o que tínhamos para o momento...” etc.
Fechos de cortesia:
Atenciosamente/Respeitosamente/Saudações/Cordialmente/
Abraços.
Em algumas empresas, ainda é costume transcrever as iniciais de quem redigiu a carta; achamos, porém, que essa informação só tem valor interno, devendo constar, portanto, apenas da cópia a ser arquivada e não do original a ser enviado.
A última observação diz respeito à margem direita da carta, que pode ser fixa e solta. A margem fixa segue um alinhamento rígido. Nesse caso, ela deve ser feita com as próprias palavras e nunca com sinais gráficos como travessão, barra etc. A margem solta não segue um alinhamento rígido. O redator estabelece um limite para o fim das frases sem necessidade de que elas terminem sempre no mesmo ponto. Esse estilo de margem vem sendo adotado pela maioria das empresas hoje em dia. Exemplo:
Teve início a campanha promocional
do nosso produto mais recente, que
inaugura um novo tempo na linha deReferência: Envio de catálogos.
Como você vê, a carta deve ser bem objetiva. O redator deve evitar chavões como “Venho por meio desta...”, “Tem a presente a finalidade de informar...”, “É com muito prazer que comunicamos...” etc. E, quando chegar ao fim do assunto, deve encerrar a carta sem delongas. Se houvesse mais alguma coisa a ser tratada, ele evidentemente o faria; por isso não é preciso usar as velhas fórmulas “Sem mais para o momento...”, “Sendo o que tínhamos para o momento...” etc.
Fechos de cortesia:
Atenciosamente/Respeitosamente/Saudações/Cordialmente/
Abraços.
Em algumas empresas, ainda é costume transcrever as iniciais de quem redigiu a carta; achamos, porém, que essa informação só tem valor interno, devendo constar, portanto, apenas da cópia a ser arquivada e não do original a ser enviado.
A última observação diz respeito à margem direita da carta, que pode ser fixa e solta. A margem fixa segue um alinhamento rígido. Nesse caso, ela deve ser feita com as próprias palavras e nunca com sinais gráficos como travessão, barra etc. A margem solta não segue um alinhamento rígido. O redator estabelece um limite para o fim das frases sem necessidade de que elas terminem sempre no mesmo ponto. Esse estilo de margem vem sendo adotado pela maioria das empresas hoje em dia. Exemplo:
Teve início a campanha promocional
do nosso produto mais recente, que
fabricação dos eletrodomésticos.
Bibliografia: Estudos de Redação - Douglas Tufano,
Editora Moderna.
O MUNDO CADA VEZ MELHOR
Uma das características do mundo moderno é a possibilidade de comunicação rápida com pessoas de praticamente todas as partes do mundo.
A sociedade tecnológica, notadamente na área de telecomunicações, tem criado, a cada dia, novos meios e novos recursos que possibilitam a transmissão de mensagens a velocidades espantosas. É o caso do e-mail (electronic mail, isto é, correio eletrônico), cada vez mais presente em nosso cotidiano (por exemplo, qualquer programa de televisão, por mais popular que seja, divulga o seu endereço eletrônico e reproduz, na tela da TV, as mensagens enviadas pelos telespectadores).
No entanto, apesar da inegável eficiência desses novos meios de transmissão de mensagens, as formas tradicionais de correspondência, como a carta, o bilhete, o requerimento, continuam sendo largamente utilizadas.
CORRESPONDÊNCIA
O termo correspondência indica todas as formas de comunicação escrita que se estabelece entre pessoas – físicas ou jurídicas – para tratar de assuntos de mútuo interesse. A correspondência pode ser particular, oficial e empresarial (comercial).
Correspondência particular é a que se dá entre pessoas físicas, podendo ou não ter caráter de intimidade.
Correspondência oficial é a que ocorre entre órgãos de administração direta ou indireta do serviço público civil ou militar, no âmbito municipal, estadual ou federal.
Correspondência empresarial (comercial) é a que as empresas – estabelecimentos bancários ou de indústria e comércio – utilizam para se comunicar com as pessoas físicas ou jurídicas, tendo em vista as mais diversas finalidades.
Nesses três tipos de correspondência, devemos observar os mesmos preceitos utilizados na prosa: concisão, clareza, elegância, correção gramatical, uniformidade das expressões de tratamento, simplicidade, coesão, coerência, cortesia.
A REDAÇÃO TÉCNICA
A redação técnica é, também, conhecida como redação profissional. É a redação peculiar a um grupo profissional e vem preocupando os estudiosos da comunicação, considerando-se comunicação eficiente “dizer o que se pensa de maneira tal, que leitores e ouvintes saibam o que se queira dizer, logo que acabarem de ler ou de ouvir.”
A redação técnica difere da literária pelas suas finalidades e pela sua forma; é uma comunicação objetiva, obedecendo a uma padronização que facilita o trabalho de redação e dá ao redator mais segurança de sua eficiência. Caracteriza-se pelo texto em nível culto.
Exemplos de textos literários: poema, crônica, conto, romance etc.
Exemplos de textos não-literários: bula de remédio, receita, notícia, carta comercial, ofício, procuração etc.
Textos literários: sentido conotativo da linguagem.
Textos não-literários: sentido denotativo da linguagem.
Denotação: a palavra apresenta-se em seu sentido básico, tal como aparece no dicionário.
Conotação: a palavra apresenta-se com seu significado alterado, permitindo diferentes interpretações, sempre dependendo do conteúdo em que aparece.
Exemplo: Que os braços sentem
Uma das características do mundo moderno é a possibilidade de comunicação rápida com pessoas de praticamente todas as partes do mundo.
A sociedade tecnológica, notadamente na área de telecomunicações, tem criado, a cada dia, novos meios e novos recursos que possibilitam a transmissão de mensagens a velocidades espantosas. É o caso do e-mail (electronic mail, isto é, correio eletrônico), cada vez mais presente em nosso cotidiano (por exemplo, qualquer programa de televisão, por mais popular que seja, divulga o seu endereço eletrônico e reproduz, na tela da TV, as mensagens enviadas pelos telespectadores).
No entanto, apesar da inegável eficiência desses novos meios de transmissão de mensagens, as formas tradicionais de correspondência, como a carta, o bilhete, o requerimento, continuam sendo largamente utilizadas.
CORRESPONDÊNCIA
O termo correspondência indica todas as formas de comunicação escrita que se estabelece entre pessoas – físicas ou jurídicas – para tratar de assuntos de mútuo interesse. A correspondência pode ser particular, oficial e empresarial (comercial).
Correspondência particular é a que se dá entre pessoas físicas, podendo ou não ter caráter de intimidade.
Correspondência oficial é a que ocorre entre órgãos de administração direta ou indireta do serviço público civil ou militar, no âmbito municipal, estadual ou federal.
Correspondência empresarial (comercial) é a que as empresas – estabelecimentos bancários ou de indústria e comércio – utilizam para se comunicar com as pessoas físicas ou jurídicas, tendo em vista as mais diversas finalidades.
Nesses três tipos de correspondência, devemos observar os mesmos preceitos utilizados na prosa: concisão, clareza, elegância, correção gramatical, uniformidade das expressões de tratamento, simplicidade, coesão, coerência, cortesia.
A REDAÇÃO TÉCNICA
A redação técnica é, também, conhecida como redação profissional. É a redação peculiar a um grupo profissional e vem preocupando os estudiosos da comunicação, considerando-se comunicação eficiente “dizer o que se pensa de maneira tal, que leitores e ouvintes saibam o que se queira dizer, logo que acabarem de ler ou de ouvir.”
A redação técnica difere da literária pelas suas finalidades e pela sua forma; é uma comunicação objetiva, obedecendo a uma padronização que facilita o trabalho de redação e dá ao redator mais segurança de sua eficiência. Caracteriza-se pelo texto em nível culto.
Exemplos de textos literários: poema, crônica, conto, romance etc.
Exemplos de textos não-literários: bula de remédio, receita, notícia, carta comercial, ofício, procuração etc.
Textos literários: sentido conotativo da linguagem.
Textos não-literários: sentido denotativo da linguagem.
Denotação: a palavra apresenta-se em seu sentido básico, tal como aparece no dicionário.
Conotação: a palavra apresenta-se com seu significado alterado, permitindo diferentes interpretações, sempre dependendo do conteúdo em que aparece.
Exemplo: Que os braços sentem
E os olhos vêem
Que os lábios sejam
Dois rios inteiros
Sem direção.
(Versos retirados da canção “Dois rios”, de Samuel Rosa, Lô Borges e Nando Reis).
(Versos retirados da canção “Dois rios”, de Samuel Rosa, Lô Borges e Nando Reis).
Bibliografia: Estudos de Redação - Douglas Tufano,
Editora Moderna.
O CARTEIRO
“Quando o carteiro chegou e o meu nome gritou com uma carta na mão, ante surpresa tão rude, nem sei como pude chegar ao portão. Lendo o envelope bonito no seu sobrescrito eu reconheci a mesma caligrafia que me disse um dia: estou farto de ti. Porém, não tive a coragem de abrir a mensagem. Porque, na incerteza, eu meditava e dizia: será de alegria ou será de tristeza? Quanta verdade tristonha a mentira risonha que uma carta nos traz. E, assim pensando, rasguei sua carta e queimei para não sofrer mais.”
A última gravação da música acima (Cícero Nunes e Aldo Cabral) foi feita magistralmente pela sempre impecável Na Ozzetti, em Show. E a canção me veio à cabeça com força total ao assistir a um curta-metragem do Jacques Tati, de 1947, chamado Escola de carteiros. Tem no DVD Curtindo Jacques Tati. Recomendo principalmente para quem nunca ouviu falar nele.
Mas vendo o Mon oncle entregando cartas e ouvindo a Na, comecei a pensar no carteiro. Hoje em dia o carteiro virou um mala. Um mala direto. Fico fora de São Paulo e quando volto, depois de um mês, tem um metro de correspondência. Avisos bancários, cobranças, ofertas, convites, convites, convites, mala direta direto. Carta, nenhuma. Carta que eu digo é aquilo escrito à mão, de alguém para alguém, contando as novidades, declarando seu amor, ou encerrando uma aventura. Já não se fazem mais cartas como antigamente. O faz e depois os mails acabaram com a carta.
Veja aquela letra: “Quando o carteiro chegou e meu nome gritou.” Existia uma relação entre o carteiro e o destinatário (que palavra!). Você deve ter lido ou assistido O carteiro e o poeta. Aquilo, sim, era um poeta e um carteiro.
O carteiro fazia parte do nosso imaginário, das nossas esperanças, dos nossos amores. Escreviam-se cartas. Você pegava aquele papel de carta e sabia que ele foi manuseado lá longe, noutra cidade, noutro país por aquelas mãos que o redigiram. E não que digitaram. Era comum algumas cartas chegarem com manchas. Lágrimas que pingavam por emoção ou dor.
E hoje o carteiro é um mala. Oitenta por cento do que ele traz são jogados imediatamente no lixo mais próximo. A cada convite que jogo no lixo, sinto pena do carteiro. Ele caminhou quadras e quadras para me levar aquilo. Mas nada daquilo me emociona. Não recebo mais do carteiro uma comovente notícia de morte. Muito menos uma carta de amor.
Mais malas ainda se tornam os carteiros na época de Natal, com aqueles cartões horrorosos de boas festas e um ano de paz e prosperidade. Desejar isso nos dias de hoje é uma gozação: no mundo e no Brasil. Deviam escrever: que em 2003 você segure todas. E o pior é o “junto aos seus”. Eu nunca sei quem são os meus.
Em época de eleições, o carteiro fica insuportável com aqueles santinhos todos de deputados e vereadores. O mais engraçado é aquilo se chamar santinho e quando você olha para a cara do remetente (que palavra!), de santo não tem picas.
[...]
O carteiro tende a desaparecer da face da Terra dentro de – no máximo – dez anos. Tudo chegará pelo computador. Tudo! Até as malas diretas dos malas cheios de indiretas.
Ninguém mais escreve cartas ao coronel nem ao soldado raso. Ninguém mais tem coragem de escrever num papel o seu amor eterno (ou não) e assinar embaixo. E deixar duas gotas paralelas de lágrimas carimbarem a verdade no papel.
O carteiro está morrendo e com ele muito, mas muito mesmo de um outro mundo. De um mundo mais romântico, é claro. Onde a gente ficava no portão esperando pelo personagem, ansioso, apreensivo, tenso. E, depois de abrir a carta, sorrir ou chorar. É, a emoção não nos chega mais pelas mãos do carteiro e do porteiro.
Como já dizia o poeta lá de cima, “quanta verdade tristonha a mentira risonha que uma carta nos traz.” É, Neruda, já não se fazem mais carteiros nem poetas como na sua época.”
PRATA, Mario. In: O Estado de S. Paulo, 12 fev. 2003, p. D10.
“Quando o carteiro chegou e o meu nome gritou com uma carta na mão, ante surpresa tão rude, nem sei como pude chegar ao portão. Lendo o envelope bonito no seu sobrescrito eu reconheci a mesma caligrafia que me disse um dia: estou farto de ti. Porém, não tive a coragem de abrir a mensagem. Porque, na incerteza, eu meditava e dizia: será de alegria ou será de tristeza? Quanta verdade tristonha a mentira risonha que uma carta nos traz. E, assim pensando, rasguei sua carta e queimei para não sofrer mais.”
A última gravação da música acima (Cícero Nunes e Aldo Cabral) foi feita magistralmente pela sempre impecável Na Ozzetti, em Show. E a canção me veio à cabeça com força total ao assistir a um curta-metragem do Jacques Tati, de 1947, chamado Escola de carteiros. Tem no DVD Curtindo Jacques Tati. Recomendo principalmente para quem nunca ouviu falar nele.
Mas vendo o Mon oncle entregando cartas e ouvindo a Na, comecei a pensar no carteiro. Hoje em dia o carteiro virou um mala. Um mala direto. Fico fora de São Paulo e quando volto, depois de um mês, tem um metro de correspondência. Avisos bancários, cobranças, ofertas, convites, convites, convites, mala direta direto. Carta, nenhuma. Carta que eu digo é aquilo escrito à mão, de alguém para alguém, contando as novidades, declarando seu amor, ou encerrando uma aventura. Já não se fazem mais cartas como antigamente. O faz e depois os mails acabaram com a carta.
Veja aquela letra: “Quando o carteiro chegou e meu nome gritou.” Existia uma relação entre o carteiro e o destinatário (que palavra!). Você deve ter lido ou assistido O carteiro e o poeta. Aquilo, sim, era um poeta e um carteiro.
O carteiro fazia parte do nosso imaginário, das nossas esperanças, dos nossos amores. Escreviam-se cartas. Você pegava aquele papel de carta e sabia que ele foi manuseado lá longe, noutra cidade, noutro país por aquelas mãos que o redigiram. E não que digitaram. Era comum algumas cartas chegarem com manchas. Lágrimas que pingavam por emoção ou dor.
E hoje o carteiro é um mala. Oitenta por cento do que ele traz são jogados imediatamente no lixo mais próximo. A cada convite que jogo no lixo, sinto pena do carteiro. Ele caminhou quadras e quadras para me levar aquilo. Mas nada daquilo me emociona. Não recebo mais do carteiro uma comovente notícia de morte. Muito menos uma carta de amor.
Mais malas ainda se tornam os carteiros na época de Natal, com aqueles cartões horrorosos de boas festas e um ano de paz e prosperidade. Desejar isso nos dias de hoje é uma gozação: no mundo e no Brasil. Deviam escrever: que em 2003 você segure todas. E o pior é o “junto aos seus”. Eu nunca sei quem são os meus.
Em época de eleições, o carteiro fica insuportável com aqueles santinhos todos de deputados e vereadores. O mais engraçado é aquilo se chamar santinho e quando você olha para a cara do remetente (que palavra!), de santo não tem picas.
[...]
O carteiro tende a desaparecer da face da Terra dentro de – no máximo – dez anos. Tudo chegará pelo computador. Tudo! Até as malas diretas dos malas cheios de indiretas.
Ninguém mais escreve cartas ao coronel nem ao soldado raso. Ninguém mais tem coragem de escrever num papel o seu amor eterno (ou não) e assinar embaixo. E deixar duas gotas paralelas de lágrimas carimbarem a verdade no papel.
O carteiro está morrendo e com ele muito, mas muito mesmo de um outro mundo. De um mundo mais romântico, é claro. Onde a gente ficava no portão esperando pelo personagem, ansioso, apreensivo, tenso. E, depois de abrir a carta, sorrir ou chorar. É, a emoção não nos chega mais pelas mãos do carteiro e do porteiro.
Como já dizia o poeta lá de cima, “quanta verdade tristonha a mentira risonha que uma carta nos traz.” É, Neruda, já não se fazem mais carteiros nem poetas como na sua época.”
PRATA, Mario. In: O Estado de S. Paulo, 12 fev. 2003, p. D10.
sábado, 10 de outubro de 2009
sexta-feira, 9 de outubro de 2009
Saber escrever é saber se comunicar. Erros de português e textos mal escritos podem causar uma péssima impressão.
É incrível como cometemos erros ao longo de nossos dias. Já nos acostumamos tanto com algumas formas erradas, que certos erros passam totalmente despercebidos perante uma conversa. Esse vídeo abaixo, nos mostra alguns desses erros....vamos analisá-los e nos policiarmos para usar a forma correta. A Língua Portuguesa agradece!!!!!
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